quinta-feira, setembro 22, 2005

palhaços....

Votar contra ou a favor da comercialização das armas de fogo??
Pra mim, o governo tem q se virar com mais segurança, dar mais dignidade pra quem anda nas ruas com medo de levar um tiro no meio da cara.
Se eu votar, pois pretendo viajar e não participar dessa votação patética, vou votar contra o desarmamento. Cada um que cuide de sua própria vida, e faça o que quiser pra se defender, pois isso é uma coisa que o brasileiro tem q fazer todos os dias: se defender.
Lembro de ouvir, desde minha infância, os discursos do pt. Ficava encantada com aquelas propostas maravilhosas de uma sociedade mais justa, distribuição de renda que contemplasse os mais necessitados e toda uma retórica que sempre soou como música aos meus ouvidos. eu era aquilo! eu acreditava piamente naquele discurso! não me envergonho de dizer que ajudei em campanha, usei, orgulhosa, estrelinha vermelha no peito, votei eleição após eleição em todos os candidatos do partido porque acreditava cegamente na índole de todos eles. se eram do pt, é porque eram honestos! quando lula ganhou a eleição para presidente, fazia o "v" da vitória por enfim ele ter chegado lá. lula lá! finalmente teríamos a oportunidade de transformar a história desse povo sofrido e dar dignidade, trabalho e teto para quem nunca teve muitas chances na vida. quando lia as crônicas malhando o lula, pensava que e estavam sendo exagerados e descrentes demais. nunca dei crédito. zombei, como todo mundo, regina duarte com aquela cara de quem tinha visto fantasma, dizendo na tv que tinha medo. medo de quê? era o pt! era lula! passados estes dias onde todo o mar de lama veio a tona, sigo atônito ao constatar que lula afunda cada dia mais neste mar. hoje pela manhã ao vir para o trabalho, um senhor ao meu lado passava pela padaria onde tinha um jornais na frente e ao cumprimentar seu amigo jornaleiro, que assim como eu deve ser um ex-petista , zombou: lula lá!!! e ao invés do "v" da vitória, cruzou os "v"s das duas mãos fazendo o símbolo do xilindró. a voz do povo é a voz de deus. nunca pensei em dizer isso, mas... tomara!!!
desculpa esse meu desabafo... mas a essa altura da manhã... já não importa o nosso bafo*
Feliz primavera a todos.
*amigo punk - graforréia chilarmônica

10 comentários:

renata disse...

Acho esse referendo patético, afinal, acho que não fará a menor diferença. No Brasil ninguém respeita mesmo a lei, pq respeitariam essa? Mas não consigo votar a favor de arma, estaria indo contra a tudo que acredito. Tenho certeza que estar armado não é uma forma de defesa: a maioria das pessoas que reagem a assaltos e coisas do gênero acaba levando a pior. Sinceramente: viaja! É bem mais produtivo mesmo! Beijos

Dark Side disse...

é, ô duvida, ô vergonha, ô arrependimento, ô descrença...

Anônimo disse...

Tem muuuuuita coisa a se dizer a respeito desta questão. E digo de cadeira, pq nem consigo acompanhar as dicussões na lista da minha turma no Direito.

Assim, só vou dizer o essencial:

+ A arma não é só para aquele momento que
o ladrão te aponta uma arma e diz "é um assalto", pode ser usada quando a gente
vê que alguém pulou o muro e vem vindo.
Aí o elemento surpresa se inverte...

+ A CERTEZA de que as vítimas estão
desarmadas AUMENTA a coragem do bandido

+ Não há nenhum indício minimamente sério
de que o governo esteja investindo ou vá
investir em segurança (= desarmar O
BANDIDO)

+ Do mesmo jeito que a lei seca, a
proibição do comércio de armas vai
incrementar o comércio ilegal e
a criminalidade. E Aqui falo não só do
bandido estar confiante para atacar,
mas, além disso, da criminalidade
em torno do próprio comércio ilegal,
que, a exemplo da lei seca, vai
recrudecer...

+ Quem comprar arma no comércio ilegal
para poder se defender dos bandidos vai
estar dando dinheiro para os bandidos...

+ Se o desarmamento for aprovado, todos serão obrigados a se desarmar, se não for aprovado, todos poderão OPTAR
INDIVIDUALMENTE se querem ter arma...

+ De qualquer maneira, a única defesa
eficaz, que ninguém pode tirar da gente,
que está sempre a disposição para a gente
optar, é aquEle que tudo vê, tudo escuta,
tudo sabe, mas não é o Big Brother porque
é o Big Father...

Bjus
Luis Otávio

Anônimo disse...

Ô, lá!

Viajar! Claro! Como não pensei nisso antes??? Ah, é, eu vou ser mesário no referendo!! Droga.

Eu reclamo por reclamar. Até gosto, é um domingo diferente. Sempre surge uma ou outra boa história para contar depois.

Acho que estamos diametralmente errados no referendo. Ouvi dizer no FSM que o Brasil é um país passivo e não pacífico. Bem, então tá. Que tal um referendo no sentido de armar TODOS os cidadãos? Imagine só que legal: aulas de tiro no ensino fundamental e no médio! (Escolas particulares teriam armas automáticas, campos de treinamento e alvos sempre novos.)

Daí o bandido teria CERTEZA de pegar alguém armado e que sabe atirar. E nós teríamos não teríamos CERTEZA de que o bandido está armado e que sabe atirar (afinal, isso se aprenderia na escola e a maioria dos bandidos não tem as mesmas oportunidades de estudo!).

E com 180 milhões de armas poderíamos investir na indústria bélica, geraria empregos e poderíamos aumentar o efetivo do exército e, quem sabe, poderíamos pensar até em uma expansão. Mas isso é outra história.

Abraços!

Tiago

renata disse...

"pode ser usada quando a gente
vê que alguém pulou o muro e vem vindo.
Aí o elemento surpresa se inverte..."

nossa! se todo mundo resolver sair atirando só pq viu alguém pulando...credo!! Acho que não é por aí...

Anônimo disse...

E tem que atirar para matar. Que nem na Inglaterra. Achou suspeito, mete bala. De preferências mais de uma. Umas oito servem.

Abraços!

Tiago

Iuri disse...

Grande desabafo. Realmente o sentimento de indignação é grande. Belo texto... Beijos

Dark Side disse...

O que revolta é que o governo corrupto, vendido e cheio de dinheiro ilícito, ao invés de investir no caminho árduo e demorado que realmente resolve, que é a educação e a conscientização da população, de investir em segurança, em saúde, em realmente melhorar as condições de vida e promover a redistribuição de renda, joga a peteca para o povo, que na sua grande maioria não tem noção da decisão que tem nas mãos, muito menos consegue filosofar a esse respeito na tentativa de achar a melhor (se é que existe) escolha.

Acho uma perda de tempo esse referendo.
Talvez diminua a violência besta do ladrão inexperiente que mata ao primeiro sinal de reação (já que nós vítimas só poderemos nos defender com punhos e sorte). Talvez reduza o numero de armas em circulação.
Mas ao mesmo tempo coloca a população inteiramente indefesa nas mãos da polícia, que em última instância é controlada pelo mesmo poder sujo e corrompido que está sendo desmascarado aos poucos no meio da lama que é a política brasileira.

Sem falar que o desarmamento gera uma quantidade de armas recolhidas que acaba indo parar nas mãos dessa própria polícia, e que, comoa experiência já provou, às vezes some misteriosamente.

Talvez num mundo de fantasia, onde o mote de que o mal se volta contra ele mesmo (evil turn upon itself), não teríamos esse tipo de preocupação, mas a verdade é que muitas vezes, nessa vida estúpida e real que a gente leva (e que pode acabar a qualquer momento nas mãos de um motorista que comprou a carteira, de um policial que abusa do poder ou de um assaltante assustado com uma arma de fogo na mão) acfreditar no sistema é algo que definitivamente deixa a desejar...

renata disse...

mariana:
tu tá contra o pt e não contra o desarmamento...nesse caso, concordo plenamente contigo :)
mas não vamos colocar arma na mão de qq idiota por causa disso!!! :P

Anônimo disse...

O Fla-Flu das armas
Por Guilherme Fiuza

29.09.2005 | O fenômeno se repete. Na eleição de 2002, quando Lula foi ungido presidente do Brasil, uma situação curiosa se passava em boa parte dos círculos mais esclarecidos da população. Quem não votasse em Lula era olhado da cabeça aos pés com desconfiança. Fosse colega, namorado, amigo de infância, irmão, aquele sujeito tinha algo de muito suspeito, por não querer aderir à corrente do bem. Está acontecendo exatamente a mesma coisa agora, na campanha do plebiscito sobre venda de armas.

O debate está colocado da forma superficial e fajuta de sempre. Quem vota “sim” é contra as armas. Quem vota “não” é a favor das armas. E aí entra a outra lei da raça humana que não falha: quanto mais superficial é o entendedor, mais intolerante ele se revela; e quanto mais intolerante é o indivíduo, mais superficial revela-se o seu entendimento das coisas. Portanto, quem está interessado em discutir a fundo o que vai acontecer com o país quando a venda de armas de fogo for proibida, recolha-se à sua insignificância e aguarde outra oportunidade não-plebiscitária.

No dia em que o debate voltar a ser permitido pelos patrulheiros do bem, seria interessante fazer uma distinção fundamental: desarmamento é uma coisa, proibição do comércio de armas é outra. Isto é, o sujeito pode querer, desejar, sonhar com uma sociedade desarmada, e ao mesmo tempo acreditar que a proibição não o aproxima do seu sonho. Será possível?

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, militante do “sim”, divulgou um dado interessante. A campanha pelo desarmamento já reduziu em mais de 40% o número de homicídios no estado. Trata-se do mais poderoso argumento em favor do “não” – não o “não” advogado pela bancada da bala, pelos boçais, os facínoras e as criaturas cheias de ódio e pulsões mórbidas; mas sim o “não” advogado por quem acha que jogar as armas no mercado negro será o maior combustível para a violência observado no Brasil nas últimas décadas. Portanto, para usar a linguagem dos superficiais e intolerantes, será a maior burrice dos últimos tempos.

Como um disco arranhado, o debate sobre o voto “não” sempre enguiça no argumento de que a população civilizada vai ficar sem defesa contra os bandidos armados. Evidentemente não é este o ponto. Jorram estatísticas mostrando que quem tem arma em casa acaba, na maioria dos casos, vítima dela. Ou por acidente, ou porque o bandido saca primeiro, ou porque ela é roubada e usada contra o dono. O mesmo acontece com a arma no porta-luvas, na cintura, em qualquer lugar. Não serve, em termos estatísticos, para defender o cidadão de bem.

A desonestidade da campanha do plebiscito é fazer crer que o voto “não” é necessariamente contra o desarmamento, ou a favor do “direito de cada um defender-se como quiser” etc. A pergunta é: o que acontecerá com a vida brasileira depois de proibida a venda de armas? De saída, uma rápida observação: é permitida a venda de fuzis americanos AR-15 à população civil brasileira? Evidentemente que não. Por que, então, o Rio de Janeiro está coalhado de fuzis AR-15, nas mãos de qualquer um que puder pagar por eles? Porque essas armas existem, foram inventadas um dia pela mente humana, são fabricadas regularmente e os fabricantes fecham os olhos, fazem o sinal da cruz, pedem desculpas a Papai do Céu e entregam-nas aos contrabandistas.

É exatamente o que vai acontecer com os revólveres, pistolas, espingardas e similares, em território brasileiro, com o triunfo do virtuoso “sim”. Os portadores de armas sensibilizados pela campanha do desarmamento estão se desfazendo delas – e continuariam, em número cada vez maior, sem o plebiscito. Não porque estejam sendo obrigados, constrangidos ou bloqueados pela lei. Estão sendo sensibilizados, educados pela via inteligente da dissuasão.

Mas há os que não entregaram suas armas, e não as entregarão em tempo algum. Assim como há os que continuarão querendo armar-se, em qualquer hipótese, e vão procurar a arma onde ela estiver – assim como um fã tarado por Caetano Veloso possivelmente pagará ao cambista se os ingressos para o show estiverem esgotados; como o viciado ou apreciador de um baseado possivelmente pagará ao traficante para fumar maconha (não obstante todas as campanhas positivistas que tentam relacioná-lo aos crimes mais brutais da bandidagem); como vários empreendedores pagaram a contrabandistas, por anos e anos, para ter computadores decentes para suas empresas, driblando a patriótica reserva de mercado da informática; como os apreciadores de um bom vinho e/ou os alcoólatras crônicos pagaram felizes da vida a Al Capone nos Estados Unidos durante a Lei Seca.

No mundo encantado dos patrulheiros do “sim”, a proibição da venda de armas vai matar o desejo de comprá-las, e fazer evaporar as milhares de unidades de fabricação delas. A campanha mundial contra o tabagismo, baseada em informação sobre danos e desglamourização do cigarro, feriu de morte a indústria do tabaco. Não porque proibiu o fumante de entrar no botequim e pedir um maço de Hollywood. Mas porque mostrou a ele que não era exatamente “ao sucesso” que aquela droga o levaria.

Este é o caminho inteligente, civilizado e único para o desarmamento. A dissuasão pelo esclarecimento. Mas quando os homens virtuosos estão lambuzados em suas boas intenções, não adianta pedir-lhes um dedo de prosa se for para contradizê-los. É pena. O bem está prestes a dar ao crime organizado seu grande impulso no século que se inicia.